sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De volta aos estudos...

Estou debruçada sobre os mistérios da utilização de máscaras teatrais.
Sendo assim, voltei a reler o clássico livro "O Manual Mínimo do Ator " de Dario FO e registrarei aqui as passagens interessantes para a minha pesquisa:

O CORPO COMO MOLDURA À MÁSCARA
O uso da máscara impõem uma particular gestualidade: o corpo movimenta-se e gestivula incessante e completamente, indo sempre além do mero balançar de ombros. Por quê? Porque todo o corpo funciona como uma espécie de moldura à máscara, transformando sua fixidez. São esses gestos, com ritmo e dimensão variável, que modificam o significado e o valor da própria máscara. É cansativo atuar para e com a máscara, pois exige a realização de movimentos bruscos e contínuos com a parte externa do pescoço e a execução de rápidas reviravoltas - esquerda/direita, alto/baixo - inclusive para se alcançarem efeitos de uma agressividade quase animalesca. Diante sisso, é inevitável a necessidade de realizar uma opção específica do ritmo em relação às palavras e ao conteúdo. É preciso submeter-se a esse tipo de exercício até atingir uma harmonia quase natural (p. 53).

QUAL A UTILIDADE DA MÁSCARA?
Ela serve para agigantar e, simultaneamente fazer uma síntese do personagem, conferindo uma ampliação e desenvolvimento do gesto. Esse gesto não deve ser arbitrário, para que o público, o imediato reflexo do ator, possa acompanhar com total compreensñao o discurso, principalmente quando se trata de um efeito, uma gag ou um fecho cômico (p. 63).

É CERTO: A MÁSCARA OBRIGA A DIZER A VERDADE. POR QUÊ?
Porque a máscara elimina o elemento fundamental que exprime toda mistificaçñao, qual seja, o rosto, com toda sua gama de expressões, capaz de serem articuladas com grande desenvoltura. Eliminando o rosto, existe a obrigação de se expressar com uma linguagem sem padrões, sem esteriótipos fixos, ou seja, a das mãos, dos braços, dos dedos. Ninguém está acostumado a mentir com o corpo (p. 66).

Por hoje é só.
OBRIGADA, Dario!

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