segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Raio da manhã

... Não suporto mais
Tua indecisão
quero tua mão no meu peito
deslizar....

!suspiros!
!ais!
!desejos!

sábado, 8 de setembro de 2007

Alguns INSTANTES com Jorge Luís Borges

Esta imagem é para completar nosso imaginário sobre a "Biblioteca de Babel" :


Ao ler Jorge Luis Borges novamente no blog de um amigo, lembro-me de quando o li pela primeira vez... Eu, jovem sem muitas referências, me deparei com um dos seus escritos mais conhecidos e agora recordo suas palavras em minha velha agenda... ali está a cópia realizada a mão e caneta azul, no final do ano de 1993...

Continuo achando lindo essas palavras de Borges, acredito que elas chegaram até mim por meio de meu querido irmão, mas ao ler lembro muito de meu pai que tanto amo (hoje já está com 73 anos) e continua me ensinando TUDO sobre a VIDA.


Então, aí vai: "INSTANTES"


"Se pudesse viver novamente minha vida na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, me relaxaria mais, seria menos higiênico, correria mais riscos, faria mais viagens, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios, iria a mais lugares que nunca houvesse ido, comeria mais sorvetes e menos legumes, teria mais problemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensa e prolificante cada minuto de sua vida, claro que tive momentos de alegria, porém se não o sabem, disso é feita a vida, de momentos, não te percas do agora, eu era um desses que nunca iam a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuvas e um paraquedas; se pudesse voltar a viver viajaria mais leve. Se pudesse voltar a viver começaria a andar descalço ao princípio da primavera e seguiria assim até concluir o outono, daria mais voltas de carrossel, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com as crianças se tivesse outra vida por diante. Porém já veja, tenho 85 anos e sei que estou morrendo."



As palavras...o pós-modernismo...

Acabo de ler a "Bibiloteca de Babel " de Jorge Luis Borges e alguns outros textos sobre o "Pós-modernismo".
Algo ficou ecoando disso tudo, então novamente resolvo colocar citações:

"Escritores que criam textos ou usam palavras o fazem com base em todos os outros textos e palavras com que depararam, e os leitores lidam com eles do mesmo jeito. A vida cultural é, pois, vista como uma série de textos em intersecção com outros textos, produzindo mais textos (...) Esse entrelaçamento intertextual tem vida própria; o que quer que escrevamos transmite sentidos que não estavam ou possivelmente não podiam estar na nossa intenção, e as nossas palavras não podem transmitir o que queremos dizer. É vão tentar dominar um texto, porque o perpétuo entretecer de textos e sentidos está fora do nosso controle; a linguagem opera através de nós." ( HARVEY, p.53 e 54).

"A nossa linguagem pode ser vista como uma cidade antiga: um labirinto de ruelas e pracinhas, de velhas e novas casas, e de casas com acréscimos de diferentes períodos; e tudo isso cercado por uma multiplicidade de novos burgos com ruas regulares retas e casas uniformes.” ( Lyotar e a condição do pensamento pós-moderno, através de metáfora de Wuittengenstein (o pioneiro da teoria dos jogos de linguagem)- HARVEY, p. 51.)

“... a fronteira entre ficção e ficção científica sofreu uma real dissolução, enquanto as personagens pós-modernas com freqüência parecem confusas acerca do mundo em que estão e de como deveriam agir com relação a ele. A própria redução do problema da perspectiva à autobiografia, segundo uma personagem de Borges, é entrar no labirinto: “Quem era eu? O eu de hoje estupefato; o de ontem, esquecido; o de amanhã, imprevisível?” Os ponto de interrogação dizem tudo.” ( HARVEY, p. 46)

"Não me parece inverossímil que em alguma prateleira do universo haja um livro total; rogo aos deuses ignorados que um homem - um só, ainda que seja há mil anos! - o tenha examinado e lido. Se a honra e a sabedoria e a felicidade não estão para mim, que sejam para outros. Que o céu exista, embora meu lugar seja o inferno. Que eu seja ultrajado e aniquilado, mas que num instante, num ser, Tua enorme Biblioteca se justifique.(...)
Minha solidão alegra-se com essa elegante esperança. "
Borges, Mar del Prata 1941.